Situado na margem direita do rio Tinhela, a freguesia de Pegarinhos, que limita a norte o concelho de Alijó, apresenta longínquas marcas de ocupação territorial ainda hoje perceptíveis na paisagem montanhosa que a circunda. Os rituais pagãos que desde a pré-história recente tinham lugar nesta paisagem marcam certamente um sistema de povoamento regular que aproveitava os recursos que a terra e a rede hidrográfica do Tinhela ofereciam.
Esses rituais estão bem marcados nas estações de arte rupestre da Botelhinha e da Igrejinha onde são visíveis, nos batólitos graníticos que cobrem a serra da Botelhinha, gravações de cruzes, motivos raiados, reticulados e ferraduras, que certamente atestam, pela tipologia que apresentam, uma continuada utilização do sítio bem como a afirmação de uma sistema de povoamento mais vinculado à terra. Referímo-nos pois aos castros da Idade do Ferro e que posteriormente foram absorvidos pela máquina conquistadora romana.
O Castro de Vale de Mir e o Castelo de Castorigo são, nesta freguesia, os exemplos mais marcantes, pois a localização destes sítios no alto dos montes transfere o carácter guerreiro dos povos que ali habitavam. O Castro de Vale de Mir, localizado na vertente Este do planalto de Alijó, apresenta duas linhas de muralhas entre as quais se encontram diversos fragmentos cerâmicos, moedas e moinhos manuais que caracterizam tanto a Idade do Ferro como a denominação romana neste local. Concomitantemente, o Castelo de Castorigo, situado a Noroeste de Pegarinhos, apresenta três linhas de muralhas, entre as quais são igualmente visíveis inúmeros fragmentos de cerâmica manual, datável da Idade do Ferro.
A ocupação romana no Castelo de Castorigo é atestada pelos lagares romanos no sopé do monte e todo o material que lhe está associada. O domínio romano nesta área veio certamente enriquecer os contactos entre os povos, a julgar pelos troços da via romana que são visíveis no sopé da serra da Botelhinha e que muito provavelmente ligariam, pelo Alto do Pópulo, os principais pontos de povoamento na região, nomeadamente os povoados de Vale de Mir, Castelo de Castorigo e o Castelo do Cadaval em Murça, a julgar pelo troço de via existente nesta Vila.
Outros elementos patrimoniais marcam a paisagem de Pegarinhos. Referimo-nos à ponte de pedra sobre o regato do Souto, à Igreja Matriz de 1804, existindo cruzes em pedra no adro desta, datadas de 1871 com as iniciais “OPMTO”, ao cemitério, às casas senhoriais que ladeiam o largo principal, às alminhas e nichos de alminhas que acompanham os caminhos mais recônditos, às capelas de São Francisco e de São Bartolomeu, ao Santuário da Nossa Senhora dos Aflitos, que é alvo todos os anos de uma orgulhosa romaria, no mês de Agosto (último Domingo) desde 1835 e ao nicho do Santo Cristo em Vale de Mir, datado de 1744. O orago desta freguesia é a Nossa Senhora da Assunção.
Actividades económicas e paisagísticas:
Em Pegarinhos predominam as amendoeiras que para além de fornecerem o seu fruto, proporcionam uma real beleza na época da floração. Também as vinhas e as oliveiras contribuem para a economia e paisagem desta freguesia. Para a transformação das uvas tem esta freguesia a sua Adega Regional, donde saem os seus prestigiados vinhos de mesa e tratados. Existiu até há bem pouco tempo uma azenha para o fabrico do Azeite.
Pela sua localização geográfica e, não menos importante, tanto para o desenvolvimento económico como para o aspecto paisagístico, podemos contar com o pinheiro (sombra, madeira e resina) e embora em menor quantidade, mas não menos importante, o sobreiro (sombra e cortiça).
Ao nível cultural verificamos que se trata de uma terra com algumas especialidades gastronómicas que passamos a referir: Cabrito assado, bolo de carne, vinhos tratados e de mesa. O artesanato local distingue-se pelas actividades de ferraria, tanoaria e empalhamento. Refira-se ainda que existem duas colectividades que apoiam diversas acções de âmbito cultural: a Associação Desportiva e Cultural de Pegarinhos fundada em 1978 e o Grupo de Teatro da Casa do Povo.
Ainda hoje se mantém algumas tradições:
Grandiosa Romaria em honra de Nª. Srª. dos Aflitos no último Domingo de Agosto, desde 1835. A Feira que se realiza mensalmente no 3º. Domingo, fogueira do Natal, casamentos do entrudo, desfile do grupo “Os Pedreirinhos” e cortejo alegórico, queima do entrudo e as cascatas de S. João. Os Jogos da malha, corridas de sacos; corridas de burros; corridas de cântaros; jogo das pedrinhas, Jogo do dá-me lume e o pau ensebado, são os mais realizados.
As acessibilidades são de extrema importância tanto para quem vive nesta linda e acolhedora freguesia como para quem tem o prazer de a visitar:
Ligação ao A4 (nó de Murça - 7 km); (nó do Pópulo - 10km);
Estrada Nacional nº. 212 Pópulo/Alijó - 5km.
Brasão da Freguesia de Pegarinhos:
Escudo: Escudo de negro.
Coroa Mural: Corroa Mural de prata com três torres.
Listel: Listel branco, com legenda a negro: “Pegarinhos - Alijó”.
Amendoeira: Uma amendoeira de prata, arrancada do mesmo, frutada de ouro, representa a agricultura e a fruticultura, assim como a beleza natural da freguesia, principalmente na época das amendoeiras em flor.
Máscaras: Em chefe, uma máscara de tragédia de prata e uma comédia de ouro, representam a tradição cultural da freguesia de Pegarinhos e as colectividades que para ela contribuem: a Associação Desportiva e Cultural de Pegarinhos e o Grupo de Teatro da Casa do Povo.
© 2025 Junta de Freguesia de Pegarinhos. Todos os direitos reservados | Termos e Condições